Dando continuidade nas programações em homenagem à Mulher, as profissionais do Hospital Getúlio Vargas Filho (Getulinho) realizaram exercícios de arte sensorial com a equipe da Pedagogia Hospitalar e receberam a Profa. Titular de Enfermagem (UFF), Isabel Cruz, para uma palestra sobre os Direitos da Mulher. Além disso, o hospital forneceu Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como massoterapia e auriculoterapia. A campanha deste ano seguiu o tema da ONU Mulheres: “O ano de TODAS as mulheres e meninas”.
As ações começaram no dia 19, com a instalação do mural decorativo realizado após a dinâmica em que as participantes puderam citar as maiores conquistas que as mulheres já atingiram na história e quais que ainda faltam ser alcançadas. Além disso, uma mesa sobre mulheres pesquisadoras enalteceu a ampliação dos espaços, como acadêmicos e científicos, dentro do campo da saúde.
Na dinâmica de arte sensorial, as mulheres foram estimuladas a pensar no próprio corpo e de suas colegas, com o toque, uso de objetos e texturas variadas e massagens mútuas. Ressaltando o conceito de ‘sororidade’, conceito de Kate Millett, da união social entre as mulheres, a psicóloga Lauane Baroncelli, da Pedagogia Hospitalar, serviço que atua no Getulinho em uma parceria entre as Secretarias Municipais de Educação e Saúde de Niterói, citou a inspiração na dinâmica: “Baseado no trabalho de arte contemporânea, como o de Lygia Clark, utilizamos técnicas parecidas e utilizando os próprios materiais do hospital como gazes e luvas”.
Houve uma troca de falas sobre a importância do autocuidado e dos desafios em conciliar a jornada de trabalhos com os serviços de casa e/ou no cuidado dos filhos. Após essa etapa de desabafos emocionantes e empatias compartilhadas, as mulheres tiveram a oportunidade de pintar um quadro coletivo como uma vassoura emulando um pincel. A ideia era um desenho livre, que incentivasse a expressividade, levando ao ritmo de músicas de vários estilos. “Para a gente fazer essa experiência no conceito da ‘sororidade’ e coletividade toda a vez que a música trocasse”, descreveu Lauane, ressaltando que o feedback das participantes foi recompensador.
No dia 21, a palestra com Isabel Cruz iniciou com todo um retrospecto da instituição do Dia Internacional das Mulheres pela Organização das Nações Unidas (ONU) e destacou os avanços principais conquistados pelos movimentos sociais e feministas.
Segundo Isabel, “a iniquidade sexual e de gênero se manifesta em disparidades salariais, violência real e simbólica, falta de acesso a serviços e sub-representação em cargos de liderança e poder. Questões como acesso limitado a serviços especializados, violência de gênero e disparidades raciais afetam desproporcionalmente mulheres, jovens, adolescentes e meninas (cis e trans)”.
Utilizando dados demográficos recentes de Niterói, Isabel demonstrou que dentre as mais de 31 mil crianças da primeira infância (0 a 6 anos), 45,5% são negras (pretas/pardas) – e entre as jovens de até 19 anos que se tornam mães o índice de negras é de 73%, enquanto as brancas estão em 26% – indicando a importância do seguimento com as diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e da atenção dos profissionais aos recortes de “raça/cor”, bem como também da identidade de gênero, garantindo o acolhimento pleno.
Uma das organizadoras das ações, Denise Melo, assistente social do Getulinho, sintetizou o trabalho realizado nestes dias ao final da palestra: “O que fizemos aqui é promoção de saúde, isso aqui é cuidar das trabalhadoras, desde a saúde mental como todo o cuidado em saúde. A gente não tá fazendo nada aleatório, isso tudo está dentro de uma proposta, que é uma visão política e de valorização da saúde”. Nesta linha, o diretor administrativo, Anselmo Carvalho, reforçou, ao enaltecer o comprometimento dos profissionais que organizaram as atividades: “se temos um dia específico para celebrar o dia da mulher, é porque tem muita coisa ainda para a sociedade conquistar”.
Para finalizar diante de tanta reflexão, mas também elevando os ânimos, à tarde, uma plataforma de filmagem em 360º fez a alegria das mulheres, ao som de “Flowers” de Miley Cyrus. Na música, a cantora norte-americana celebra a autonomia feminina, presenteando a si mesma com flores e rejeitando a ideia de que a felicidade e a realização precisam vir de um par romântico. Nesse espírito, o Getulinho, cuja maior força de trabalho é movida pelo gênero feminino, cria um acervo de memórias e estimula ideias para uma verdadeira equidade entre homens e mulheres e, claro, entre todos meninos e meninas.








